1.
Tenho consciência de que estou diante da Província
mais jovem da Congregação: não
a mais recente, mas com os membros que, no conjunto,
perfazem a média de idade mais jovem da Congregação.
Isso por si só representa um potencial de energias,
de forças, de vitalidade, que precisam ser coordenadas
ao redor da missão como Província de Oblatos
de São Francisco de Sales.
2. Essa realidade da Província – diferentes
idades, mas maioria jovens, de diferentes culturas,
de diferentes etnias e nacionalidades – traz,
de outro lado, desafios das mais diferentes origens.
Potencialidades e desafios andam juntos nesta Província.
3. O que nos orienta para unir e orientar nossas potencialidades,
e também para superar os desafios é a
consciência de nosso carisma como Oblatos de São
Francisco de Sales e a clareza de nossa missão
nesta realidade de América do Sul e Caribe. Aí
está certamente uma das tarefas do governo da
Província: levar os membros a manter viva a consciência
do nosso carisma – “o espírito de
São Francisco de Sales”, adquirido pelo
“Diretório Espiritual para as ações
de cada dia” (C 14) – e ajudar os membros
a ter a clareza de nossa missão nesta realidade.
Constituição número 11 nos lembra
que realizamos “o serviço à Igreja
no mundo de hoje, vivendo e difundindo a doutrina salesiana”,
e o número 12 esclarece que “o serviço
à Igreja poderá revestir-se de todas as
formas que nossa época exigir”. Isso faz
com que nossas obras podem mudar historicamente, porque
as exigências eclesiais mudam ao longo da história.
4. Além do acima, apresento algumas REFLEXÕES
INICIAIS sobre alguns pontos que, ao meu ver, precisariam
ser enfocados pelo próximo governo provincial:
a) Definir prioridades para a Província –
As nossas obras são os lugares onde vivemos nosso
carisma e realizamos nossa missão. É o
nosso carisma e a nossa missão que nos iluminam
na definição de quais obras são
prioridades na Província. Juntamente com a definição
de prioridades é bom elencar as razões
para tais prioridades: por que queremos manter tal e
tal obra; por que estamos abertos a fechar tal e tal
obra. Essa definição certamente ajudaria
no sentimento de unidade na Província e evitaria
tensões no momento de decisões a serem
tomadas. Para chegar a isso o governo precisaria envolver
os coirmãos num processo participativo de discernimento.
b) Encaminhar as consequências de ter uma obra
prioritária. Exemplo: se Haiti é uma obra
prioritária para nossa Província, precisamos
dar os encaminhamentos neste sentido: preparar ao menos
mais um ou dois coirmãos (habilitar na língua
e capacitar para trabalhar na formação).
O mesmo em relação a outras obras prioritárias.
c) Trabalhar a questão do senso de pertença.
Essa Província tem algumas características
que a tornam muito única. Podemos ver com olhos
positivos o fato de que, apesar de sermos poucos membros,
estamos presentes em quatros países (=espírito
missionário); de outro lado, há o risco
de certa dispersão: até que ponto cada
membro sente-se pertencente à Província?
Como cultivar esse senso de pertença? Não
seria bom evitar ter somente uma comunidade em um país?
(Como aproveitar esta semana para crescer neste sentido,
na comunhão?)
d) Vida comunitária - Jovens hoje estão
sensíveis à vida comunitária. Encontrei-me
recentemente no Benin com um grupo de seis vocacionados,
os quais claramente expressaram que o que buscam é
vida comunitária. “A vida fraterna é
um dos aspectos que os jovens mais procuram quando se
achegam à vida de vocês; é um elemento
profético importante que oferecem numa sociedade
fortemente individualista” (Papa ao Superiores
Gerais em novembro de 2010). Nossa vida comunitária
atrai jovens? Não poderia ser um princípio:
evitar ao máximo que Oblatos vivam sozinhos?
e) Formação permanente e papel dos superiores
- Falamos muito de formação inicial nos
últimos anos; creio ter chegado a hora de olhar
de frente a realidade de nossa formação
permanente, continuada. O superior local exerce uma
importância fundamental.
f) Questão da inculturalidade e espírito
salesiano – Somos de diferentes nações,
culturas, etnias, idades... Como trabalhar essas diferenças,
de modo especial na formação inicial?
Quais aspectos de nossa riqueza salesiana ajudam-nos
mais diretamente a unir-nos numa mesma missão?
A nível de toda a Igreja e VR este é um
desafio sempre mais presente.
g) Coordenar e orientar as potencialidades que existem
na Província. Há tantos esforços
pessoais, atitudes quase heróicas de alguns coirmãos
na Província. Isso anima e nos faz sentirmos
orgulhosos. O governo precisa estar atento aos dons
dos coirmãos, direcionando-os de modo que expressam
nosso carisma e nossa missão como Oblatos.
QUESTÃO ANTERIOR ÀS ELEIÇÕES
– A partir do acima, podemos ver que há
questões anteriores à questão das
eleições do novo provincial. Desejo tratar
de uma dessas questões anteriores, a qual eu
chamaria de questão da governabilidade. Significa:
que condições vai ter o próximo
governo de governar a Província? Essas condições
dependem da atitude dos membros que formam essa Província.
Se o provincial e conselheiros encontrarem em todos
os membros a atitude de disponibilidade para servir
onde for necessário, abertos ao diálogo
e com uma atitude de colaboração para
buscar os melhores caminhos para toda a Província,
a atitude de liberdade interior para ir onde for necessário,
a disposição de servir com todos os talentos
e dons recebidos, e também de colaborar economicamente
com o sustento da Província (não somos
mais Região!), então podemos dizer que
há boas condições de governabilidade.
Se, de outro lado, o novo governo encontrar atitudes
que revelam pouca liberdade interior, pouca disponibilidade,
pouca prontidão e pouca abertura ao diálogo,
pouca disponibilidade para colaborar com o sustento
econômico da Província, então tudo
ficará certamente mais difícil para o
novo governo. É certamente não honesto
colocar a cruz nos ombros de alguém que ainda
não sabemos quem é... Trata-se da questão
de governabilidade no espírito de pessoas consagradas,
que têm no Senhor o Absoluto de suas vidas.
A questão principal é, portanto a Província:
nossa missão na Igreja e na sociedade da América
do Sul e do Caribe. |