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Jubileu sacerdotal de padre Carlos Martins de Borba OSFS
Entrevista com padre Carlos Martins de Borba - OSFS -
Oblatos de São Francisco de Sales - Jubileu Sacerdotal

1. Olá, Padre Carlos. Pode-nos contar um pouco de sua história? Como foi sua infância?
Eu nasci no dia 26 de Março de 1962, em Seberí, RS, numa família de pequenos agricultores e tenho 8 irmãos. Meus pais já faleceram. Entrei para os Oblatos em 1979. Até esta data eu trabalhava na roça com minha família.
Fiz meus estudos primários no interior do município de Seberí, na Escola Neusa da Rosa Braga, Linha Nova. Fiz minha 1ª Comunhão e recebi o Sacramento da Crisma na Capela Imaculada Conceição, Linha Lajeado Silvano. Desde pequeno fui muito ligado a minha família, gostava de estudar e de jogar futebol.
2. Como aconteceu o despertar da vocação à Vida Religiosa e ao Sacerdócio?
Tudo começou quando estava no fim dos estudos primários. Um amigo meu estava no Seminário dos Oblatos e me convidou para fazer um retiro vocacional. Eu fui e gostei. E em 1979 fui para o Braga onde ficava o Seminário. Lembro-me que a primeira motivação foi durante os encontros de preparação para a Crisma. Minha irmã mais velha era a minha catequista. Em casa ela me dava um “reforço” e eu gostava de ajudá-la também a preparar os encontros. Além disso, outro momento forte inicial, foi quando minha professora de Ensino Religioso me questionou se eu não queria ser Padre. No início resisti, mas depois quando comecei a pensar na possibilidade, isso me dava uma paz interior.

3 Dos primeiros anos de seminário, o que o senhor mais recorda?
1) As aulas de formação com Pe. Fredy, dos estudos bíblicos com Irmão Marcos, dos encontros de formação pessoal com a Irmã Bernarda e das aulas de música e francês com Pe. Henrique.
2) Lembro-me também dos jogos de futebol de campo. Nunca fui um bom jogador. O Seminário tinha duas equipes (Time A e Time B). Eu nunca consegui jogar no Time A, mas mesmo assim acompanhava os jogos do nosso Seminário com outras equipes da região. Era uma festa quando saíamos aos domingos à tarde. Irmão Mário era o nosso treinador.
3) Lembro-me ainda do trabalho que fazíamos na Granja do Seminário. Ali eu me identificava com os serviços da lavoura e as “lidas de campo”. Também gostava muito de lascar lenha para fazer o fogo da caldeira que esquentava a água para o uso de todo o Seminário.
4) E por fim, lembro-me das aulas na Escola Estadual Santo Pazini onde fiz o Ensino Médio. Fiz muita amizade com os professores e colegas do curso.
4. Como jovem religioso e formando o senhor viveu momentos fortes da reflexão teológica na América Latina e da vida da Igreja. Como foi?
Sim. Eu tive a alegria de fazer o curso de Teologia numa época de muitos conflitos sociais e de grande reflexão teológica.

A Teologia da Libertação estava em alta. Realizávamos na época as “Semanas Teológicas” na PUC com assessorias de Leonardo Boff, Dom Ivo Lorscheiter, Dom Tomás Balduino, Irmão Antônio Cechin e tantos outros teólogos e pastoralistas que refletiam muito a realidade do povo sofrido de nossa América Latina e Caribe.
No início da década de 80 surgiu o MST. E lá estávamos juntos para participar das Romarias da Terra e da luta pela Reforma Agrária. Esta realidade me motivou muito a discernir minha vocação. Ser uma Igreja dos pobre e para os pobres me impulsionou a doar minha vida como Consagrado e como Sacerdote.

5. Houve algum padre, leigo/a ou religioso/a que o marcou decisivamente nesta caminhada?
Foram vários. Primeiro recebi o apoio de meus pais, irmãos e irmãs, bem como de toda a comunidade eclesial de origem e das comunidades por onde passava realizando meu processo formativo. Depois recebi na pessoa de cada Oblato um jeito especial de “Viver Jesus”.
6. Gostaríamos de saber as datas de seus primeiros Votos, de sua Profissão Perpétua, Diaconato e, enfim, da Ordenação Presbiteral.
Fiz o noviciado no ano de 1984 na cidade de Jaboticaba, RS. Este ano foi um ano de graça e de bênção. Depois disso tive as seguintes datas significativas;
- Primeiros Votos: 29 de Janeiro de 1985
- Votos Perpétuos: 11 de Dezembro de 1988
- Ordenação Diaconal: 09 de Dezembro de 1989
- Ordenação Sacerdotal: 26 de Maio de 1990

7. Depois de ordenado, quais foram os serviços e as comunidades em que o senhor desenvolveu seu ministério?
1990 – 1992: Vigário Paroquial em Jaboticaba
1992 – 1996: Pároco da Paróquia Santa Isabel em Viamão.
1996 – 2000: Formador dos Escolásticos
2000 – 2006: Mestre dos Noviços em Passo Fundo
2006 – Morei na França
2007 – 2010: Formador no Haiti (noviços e escolásticos)
2010 – 2012: Mestre dos Escolásticos em Viamão
2012 – 2014: Mestre dos Noviços em Jaboticaba


8. Padre, fale-nos um pouco dos desafios que o senhor encontrou na missão durante estes 25 anos?
O grande desafio sempre foi o de dar o devido testemunho de Consagrado e de Sacerdote.
Estamos inseridos numa sociedade que discrimina, que exclui, que valoriza demasiadamente o ter, o prazer e o poder. Viver na honestidade e na coerência dos valores assumidos foram sempre grandes desafios para mim.

9. E agora, por favor, fale-nos das coisas mais bonitas que marcaram estes 25 anos de padre?

- Eu me sinto muito feliz e realizado quando estou presidindo a Missa. É um momento especial. Cristo está presente através de minha contribuição. Estou ali em nome de Jesus Cristo para torná-lo presente no Pão e no Vinho Consagrado.
-Também agradeço a Deus pela oportunidade de ajudar outros jovens que estão a caminho da Vida Consagrada e Sacerdotal. Como formador, tive e tenho a chance de me renovar diariamente no Carisma e na Missão dos Oblatos. Isso é uma das coisas bonitas que me realiza na missão sacerdotal. Ser formador é um desafio, mas também é uma graça.
- Outro momento especial e bonito foi o de ter participado e feito o CETESP (Centro de Estudos e Espiritualidade) no Rio de Janeiro no ano 2000.
- E por fim, um tempo especial foi o ano de 2007. Neste ano eu morei na França (Lion e Annecy) visitando as terras salesianas e conhecendo melhor a Espiritualidade de São Francisco de Sales.
10. Ao celebrar Bodas de Prata no Ministério Presbiteral, como o senhor compreende o “ser padre”?
“Ser Padre” é ser vocacionado a uma missão especial. É o Senhor Jesus que chama aqueles que Ele quer para participar do mistério de sua vida. É alguém escolhido do meio do povo para estar a serviço do povo e do Reino de Deus. “Ser Padre” é alguém que encontra o sentido de sua vida no serviço; Servir por amor e para o amor. Ser Padre é ser um homem de Deus. O PADRE é chamado a ser PASTOR e PROFETA.
11. Padre, deixe uma mensagem à nossas comunidades, bem como, aos jovens que buscam respostas às suas inquietações.
Nos últimos dias meu coração se lança diariamente no espírito de ação de graças. Dou graças a Deus pelo dom da vocação sacerdotal que recebi. Muitas maravilhas e milagres aconteceram em minha caminhada vocacional nestes 25 anos de serviço e doação.
Muitos desafios, dificuldades e incertezas também apareceram na minha caminhada. Em tudo isso eu louvo e agradeço a Deus. Quero dizer aos jovens que estão à procura de um ideal de vida ou a procura de sua vocação: Vale à pena dedicar sua vida por uma causa tão nobre e bonita como é a vocação sacerdotal. Se eu tivesse que repetir os passos dados no passado, eu trilharia e andariam pelo mesmo caminho e daria os mesmos passos. Não me arrependi nunca de ter escolhido esta vocação. Se tivesse que escolher de novo eu escolheria de ser Padre novamente.
12. Por fim, fica o espaço para o Convite às Celebrações do seu Jubileu.
Venha celebrar comigo. Teremos 2 celebrações solenes de ação de graças.
- Dia 23 de Maio de 2015, as 19hs, na Igreja Matriz de Jaboticaba, RS.
- Dia 07 de Junho de 2015, as 9:30hs, na Igreja Matriz Santa Isabel, em Viamão.
Conto com sua presença!