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Padre José Hubert Evers, osfs
66 Anos de vida religiosa Oblata
60 Anos de vida sacerdotal
60 Anos de Brasil

No último domingo, 30 de abril, Padre José celebrou 60 anos de padre na igreja matriz Santa Catarina, em Braga – RS, onde atuou pela última vez como pároco e reside até hoje. Os Oblatos de São Francisco de Sales e o povo amigo de Braga e da região com ele e renderam graças pelo dom de sua vida e vocação.

Num português e num estilo que é bem próprio dele, fez-nos chegar sua história. Confira!
“Em outubro de 1985 realizou-se um sonho do meu tempo de criança: pilotei um avião – planador. Criança tem o direito de sonhar com o seu futuro. Queria ser aviador. Nós planejamos, mas Deus decide: José, não sonhe “tão alto”, fique na terra!

Quando tinha doze anos, num dia de sol quente, fui com um grupinho de amigos tomar banho, apesar de não me sentir bem. Gripe, mas isso eu não sabia. Nunca estive doente. A água fria do riozinho me fez bem. Mas, depois de dez minutos, me deu uma tremedeira. Me deitei na grama. Que bom esse calor do sol. Mas veio de novo esse mal-estar. De novo na água fria. Isso se repetiu várias vezes, até que não aguentei mais, nem na água, nem no sol. Loucura minha, era de matar. Resultado: cheguei em casa com mais de quarenta graus de febre. Fiquei dez dias de cama, apagado. Dez dias entre a vida e a morte. Mas Deus disse: José, não te quero ainda aqui, fica na terra.
Estava escrito no meu projeto: vou ser missionário na África do Sul. Mas Deus disse, por meio do meu Superior Provincial, ‘Pe. José, arrume dinheiro e sua mala e vá para o Brasil!’. Na época, com poucos meses de padre, embarquei para o Brasil.

Nasci no dia 29 de dezembro de 1929, num pequeno povoado chamado HEUSDEN, distrito do município ASTEN, da Província Noord Brabant – Holanda.

No dia 30 de dezembro de 1929 aconteceu o batismo na Igreja Matriz da Paróquia Sto. Antônio de Heusden. Os padrinhos foram José e Hubertina Evers. Daqui vem o meu nome de José Hubert.

Frequentei seis anos a Escola Católica de Heusden, onde aprendi os conhecimentos elementares. Depois 2 anos na Escola S. Canísio de Helmond, uma cidade a 18 km de Heusden. Diariamente fazia 36 km de bicicleta, enfrentando chuva, sol e frio.

Aos nove anos fui ajudante de missa. Um dia veio o pensamento de ser padre. Mas assim que , foi rejeitado: louco, não! Vou me fechar num convento. Nem pensar! Mas Deus insistiu. Foi uma luta de dois anos, só eu e Ele. Fiz mais uma loucura, mas que loucura doce e fascinante! Finalmente em 1944 disse aos pais ‘quero ser Padre!’. Foi uma bomba para eles, mas aguentei os estilhaços. Naquele ano vieram os Aliados, da Segunda Guerra Mundial, para libertar Holanda dos Nazistas, assim tive que esperar.
Com minha mãe visitei os Franciscanos. Nem me deixaram entrar. Fomos para os Capuchinhos. Eles nos receberam e prometeram de mandar notícia, quando houvesse vaga. Até hoje, nada.
Queria ir para os Oblatos de S. Francisco de Sales. Não porque gostava tanto dessa Congregação, mas ela tinha missão na África do Sul e no Brasil. Conhecia os Oblatos por intermédio de um amigo, que tinha um tio que estava lá para ser padre. Fomos juntos para o Seminário. O tio saiu do Seminário, o meu amigo desistiu também, e eu lá fiquei.
Os estudos ginasiais de seis anos foram feitos em 5 anos (influência da guerra). Em 1950 fiz o Postulantado. A Primeira Profissão foi no dia 30 de agosto de 1951. Depois cursei dois anos de filosofia e 4 anos de teologia – seis anos de lutas, derrotas e vitórias, contratempos e alegrias. Finalmente, veio o dia 13 de março de 1957: a Ordenação Sacerdotal.
Muitos podem pensar: o dia de Ordenação deve ser um dia emocionante! O momento da imposição das mãos pelo Bispo deve mexer profundamente com a gente. Foi para mim como qualquer outro dia festivo. Um dia de contentamento por ter alcançado o ideal, a conquista da vitória final após doze anos de luta. Naquele dia tinha que fazer ato de fé muito grande para dizer a mim mesmo: agora sou sacerdote!
Foi, porém, emocionante de dar a primeira bênção sacerdotal aos meus pais, irmãos e irmãs, de ver a alegria deles.
O dia da Primeira Missa na minha terra natal, na Paróquia Sto. Antônio, foi um dia maravilhoso, uma verdadeira festa da comunidade, que se alegrou com a minha família, pois mais um filho desta terra se tornara Padre.
Depois de 04 meses de padre veio a minha transferência. Poucos meses antes da Ordenação o superior perguntou o que gostaria de fazer e onde gostaria de trabalhar. Respondi: ‘primeiro direi o que não gosto. Não gostaria de trabalhar num seminário e nem de ir para o Brasil. Quero ir para a África. Por isso entrei na Congregação dos Oblatos de São Francisco de Sales. Mas faça o que quiser comigo. Estou pronto para o que der e vier. E veio a resposta em uma frase só: Pe. José, arrume dinheiro e sua mala e vá para o Brasil’.
Agora algumas datas da minha vida no Brasil:
Dia 21 de novembro de 1957: chegada em Dom Pedrito. Lá aprendi um pouco de português.
Dia 21 de dezembro de 1958: cheguei no Seminário de Braga.
Dia 21 de fevereiro de 1969: fui nomeado pároco da Paróquia Santa Bárbara – Sta. Bárbara do Sul.
Dia 21 de março de 1971: voltei a Braga é fui ecônomo no Seminário.
Dia 21 de fevereiro de 1976: Fui nomeado pároco da Paróquia Nossa Senhora de Medianeira – Jaboticaba.
Dia 21 de fevereiro de 1979: Fui nomeado pároco da Paróquia Santa Catarina, de Braga.
Dia 21 de março de 1984: Fui nomeado pároco da Paróquia São João Batista – em Novo Barreiro.
Dia 21 de março de 1986: novamente pároco da Paróquia Santa Bárbara – Santa Bárbara do Sul.
De janeiro de 1996 a 2000, novamente pároco de Novo Barreiro.
De fevereiro de 2000 a 2010, novamente pároco da Paróquia Santa Catarina de Braga.
No dia 03 de março de 2010, com 81 anos de idade, encerrei minhas atividades pastorais e me retirei para a Casa Fransales, em Braga, onde resido até o dia em que Deus permitir.

Várias vezes me perguntaram: se tivesse que fazer de novo, ficaria padre? Sim, mas com a experiência que tenho hoje, o faria melhor. Não faria os erros que fiz no decorrer dos 88 anos de fraqueza, falta de conhecimento e experiência. Mas não adianta olhar para trás e chorar os tempos passados. Como diz o Profeta Isaias: “Não fiqueis olhando e pensando o passado no que aconteceu antigamente. Vejam que estou fazendo uma coisa nova: ela está brotando agora ...” (Is 43,18-19). Portanto, relembremos as coisas maravilhosas que Deus fez por meio de nós, apesar de tudo!
Seria demais contar tudo. Só uma quero lembrar e como é bom dizer a alguém: “eu te absolvo de teus pecados. Vai em paz”. É gratificante ver a alegria e a paz nos seus olhos, apesar das lágrimas. Só isso, recompensa todo o esforço de muitos anos de estudo, lutas, trabalhos, desafios e vida de padre. Ele continua dizendo: “Vem e segue-me”.
Quero continuar, enquanto Ele me der a graça de viver, a ser um instrumento nas mãos de Deus. Talvez, de vez em quando, um instrumento mal afiado ou mal calibrado. Aqui estou, Senhor! Coloco minha vida em suas mãos.
Nestes últimos anos, tenho me ocupado mais com o meu lema Sacerdotal: Rezar para o bem e a felicidade dos outros.”

Pe. Nildo Moura de Melo, OSFS
Animador Vocacional
Paróquia Santo Antônio de Palmeira das Missões
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