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CNBB
E OAB lançam Manifesto em Defesa da Democracia |
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
e o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB) lançaram no dia 25 de março de 2015,
o Manifesto em Defesa da Democracia.
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A
cerimônia aconteceu na sede da CNBB, em Brasília,
com a presença dos presidentes das respectivas
entidades - o arcebispo de Aparecida (SP), cardeal Raymundo
Damasceno Assis, e o advogado Marcus Vinicius Furtado
Coêlho. Participaram do lançamento autoridades
civis e políticas, sacerdotes, religiosos e representantes
de entidades e organismos.
O Manifesto é uma iniciativa da Rede de instituições
que compõem a Coalizão pela Reforma Política
Democrática e Eleições Limpas,
para a mobilização em torno do Projeto
de Lei de Iniciativa Popular e da defesa do Projeto
de Lei (PL) 6316/2013, em tramitação na
Câmara dos Deputados.
A leitura do Manifesto foi realizada pelo presidente
da CNBB, cardeal Raymundo Damasceno Assis. “Ao
lançar este manifesto, fazemos votos de que o
Congresso Nacional, enquanto representante da vontade
do povo brasileiro, possa levar a bom termo a esperada
reforma política, para o bem do nosso país”,
disse dom Damasceno. Confira a íntegra do texto:
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Manifesto em Defesa da Democracia
Considerando as graves dificuldades político-sociais
que afligem atualmente o País, a Presidência
da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil –
CNBB – e a Ordem dos Advogados do Brasil –
OAB – se veem no dever de vir a público
expressar – a exemplo do que já fizeram
em ocasiões semelhantes anteriores – a
convicção de que acima das divergências
políticas, naturais numa República, estão
a ordem constitucional e a normalidade democrática.
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Aos
três Poderes da República cabe relacionarem-se
entre si, de maneira independente, porém harmônica
e cooperativa, não se admitindo que dissensões
menores ou interesses particulares – de indivíduos
ou de grupos - possam comprometer o exercício
das atribuições constitucionais que a
cada um deles compete exercer.
Submetidos que são tais Poderes ao primordial
princípio democrático pelo qual “todo
poder emana do povo e em seu favor deve ser exercido”,
cumpre-nos lembrar que as decisões deles emanadas
somente se legitimam se estiverem adequadas a esse princípio
maior.
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A
inquestionável crise por que passam, no Brasil,
as instituições da Democracia Representativa,
especialmente o processo eleitoral, decorrente este
de persistentes vícios e distorções,
tem produzido efeitos gravemente danosos ao próprio
sistema representativo, à legitimidade dos pleitos
e à credibilidade dos mandatários eleitos
para exercer a soberania popular.
Urge, portanto, para restaurar o prestígio de
tais instituições, que se proceda, entre
outras inadiáveis mudanças, à proibição
de financiamento empresarial nos certames eleitorais,
causa dos principais e reincidentes escândalos
que têm abalado a Nação, afastando-se,
assim, a censurável influência do poder
econômico do resultado das eleições,
o que constitui uma prática inconstitucional,
conforme os votos já proferidos pela maioria
dos Excelentíssimos Senhores Ministros integrantes
do Supremo Tribunal Federal, no julgamento da Ação
Direta de Inconstitucionalidade (ADI 4650), ora em andamento
naquela egrégia Corte.
Em vista do exposto, as entidades abaixo firmadas entendem
inadiável a aprovação nas Casas
do Congresso Nacional de uma Reforma Política
Democrática que estabeleça normas e procedimentos
capazes de assegurar, de forma efetiva e sem influências
indevidas, a liberdade das decisões do eleitor.
Com este Manifesto, a CNBB e a OAB, unidas a inumeráveis
organizações e movimentos sociais integrantes
da sociedade civil, conclamam o povo brasileiro a acompanhar
ativamente a tramitação, no Congresso
Nacional, das proposições que tratam da
Reforma Política e a manter-se vigilante e atento
aos acontecimentos políticos atuais para que
não ocorra nenhum retrocesso em nossa Democracia,
tão arduamente conquistada.
Para tanto, é necessário que todos os
cidadãos colaborem no esforço comum de
enfrentar os desafios, que só pode obter resultados
válidos se forem respeitados os cânones
constitucionais, sem que a Nação corra
o risco de interromper a normalidade da vida democrática.
Por fim, reivindicam as entidades subscritoras que,
cada vez mais, seja admitida e estimulada a participação
popular nas decisões que dizem respeito à
construção do futuro da Pátria,
obra comum que não pode dispensar a cooperação
de cada cidadão, de cada organização,
dando-se, assim, plena eficácia ao conteúdo
do artigo 14 da Constituição da República. |
Marcus
Vinicius Furtado Coêlho
Presidente Nacional da OAB
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Dom
Raymundo Damasceno Assis
Presidente da CNBB |
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